segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A serviço do pensamento.

O processo, já começou. Acredito que ele tenha começado há exatos cinco anos. Em minha mente já começou a fervilhar. Só estava à espera das pessoas necessárias e do momento que deveria ser.

Após um ano de muitas frustrações começamos finalmente a concebê-lo, definimos o tema de nosso primeiro objeto de pesquisa. O artista. O que somos, o que estamos tentando assumir, aquilo que em muitos momentos duvidamos e que há todo momento o mundo nos mostra que não é fácil, não é mesmo um trabalho justo, mas como é necessário.

O processo de pesquisa se faz da nossa curiosidade sobre o tema, de quando compartilhamos com o nosso grupo de trabalho, de como passamos a observar as coisas que vivemos em função deste tema. E tudo passa a acontecer.

Estes dias têm sido de extrema intensidade em minha vida e na vida de minhas companheiras. Cada qual estamos não só enlouquecendo em suas maneiras de sobrevivência como sendo provadas por diversas forças diferentes que nos fazem pensar, sentir, agir.

Hoje logo pela manhã tive o desprazer de ler uma entrevista muito triste do deputado Jair Bolsonaro, logo após uma entrevista do deputado Jean Wyllis, na qual Jean defende a discussão, o aprimoramento das leis dos direitos dos homossexuais e o deputado Jair defendendo o direito à violência contra os "não normais" como ele disse.


Sabemos que o pensamento preconceituoso e homofóbico é parte de uma maioria vergonhosa de nosso país. Sabemos também o quanto é difícil viver a homossexualidade, fazer valer seus direitos e de seu parceiro, enfim, viver dignamente como nos prestamos e como nos colocamos na sociedade.

É muito engraçado como algo tão pequeno incomoda tanto a sociedade, incomoda tanto aos que dizem que pretendem preservar os costumes, a família. Que família? Que costumes? Ele está dizendo por todos? Aposto que a família com dois pais ou duas mães discorda do que o deputado Jair disse e, se não me engano, essa família também paga impostos, também anda de acordo com as leis para poder circular na sociedade, também vota, também vive. Porém, é obrigada a ouvir que é "anormal". É obrigada a viver à margem, pensando nos subterfúgios a que tem que recorrer para não serem destituídas de seus direitos.

Antes de tudo e de qualquer outra coisa, nós estamos aqui a serviço do pensamento. Temos o incrível talento para transformarmos o pensamento em arte, mas antes de tudo estamos aqui para questionar, para entender, para ajudar.

O primeiro post deste blog será destinado à estas perguntas: o que nos incomoda tanto, nos incomoda tanto por que? O que fazer para se fazer ouvir quando não querem nos escutar?